fbpx

Eis a proposta da Paradome: uma criança que explora o mundo fisicamente, irá se tornar um adulto muito mais capaz. Esta atividade é fundamental para o corpo e a mente e, num mundo cada vez mais digital, faz-se mais necessário do que nunca o estímulo e ambientes apropriados para a brincadeira fora de nossas caixas.

Nossas idéias?

Mas de onde vem essa proposta? Se por um lado, nossas intuições e experiências (o leitor pode encontrar mais sobre isso aqui) nos trouxeram a este caminho, existe plena fundamentação entre pesquisas, filosofia e metodologias de ensino. Iremos aqui começar a exploração justamente destas metodologias. Não tão meramente com o propósito de justificar, mas como introdução à escolas de pensamento que complementam a criação e oferecem alternativas ao ensino tradicional.

A linha Montessori, desenvolvida pela Doutora Maria Montessori na virada do século vinte, gira em torno de uma liberdade responsável, da parte das crianças. Além de turmas com idades diferentes, flexibilizando o aprendizado e priorizando fases distintas do desenvolvimento da criança, também possui foco na experiência sensorial, com materiais cuidadosamente selecionados e ambientes planejados.

A Origem

Maria Montessori graduou-se em medicina em 1896, enfrentando grande resistência à mulheres na área. Interessada em pedagogia, Motessori começou a trabalhar com crianças deficientes, num tempo em que qualquer criança que não respondesse bem às escolas tradicionais, já seria designada deficiente.

Em 1900 pôde testar seus métodos, enquanto co-diretora da nova Scuola Magistrale Ortofrenica. Sucesso imediato, vários dos alunos, transferidos de outras escolas aonde haviam sido classificados como ineducáveis, foram posteriormente aprovados pelos mesmos testes aplicados à crianças típicas.

As Casas

Aprimorando seus métodos nos anos seguintes, Montessori buscou uma segunda graduação, aprofundando suas qualificações com filosofia e psicologia. Finalmente, em 1906, com o propósito de aplicar sua técnica em crianças típicas, surge a Casa dei Bambini. O resultado é tão impressionante que, no ano seguinte, é aberta uma segunda Casa e, em 1908, mais três. As crianças demonstram concentração, atenção e auto-disciplina, e o sucesso das Casas rapidamente chama a atenção de educadores proeminentes, jornalistas e figuras públicas.

“em suas salas observou crianças preferirem as atividades, no lugar de simples brinquedos, doces e outras recompensas”

Mas do consiste o método Montessori? A primeira coisa que notaria são suas salas. Com estantes apropriadas para a altura dos alunos, as crianças escolhem, dentro de certos limites, quando farão cada atividade. Maria Montessori acreditava que crianças naturalmente buscam o aprendizado, e em suas salas observou crianças preferirem as atividades, no lugar de simples brinquedos, doces e outras recompensas.

As atividades, desenvolvidas a partir da observação das crianças, usam de manipuladores, que são objetos físicos. Assim, as crianças utilizam de todos os sentidos durante o aprendizado. Junto dessa interação, Montessori também ressaltava a importância da interação com a natureza, como ferramenta central do desenvolvimento, reservando tempo ao ar livre dentro da rotina diária.

Talvez uma das características mais marcantes do método, seja o surgimento espontâneo da auto disciplina observada nos alunos. Desde cedo, Maria notou o quanto crianças naturalmente ordenavam seu ambiente, e a ordenação abstrata de seu tempo aparece como progressão natural disso. O aprender então, não é condicionado com recompensas e punições, mas apresentado como uma recompensa em si mesmo, internalizando o prazer do aprendizado para toda a vida.

Hoje as escolas Montessori existem espalhadas pelo mundo, tendo inclusive influenciado as diretrizes de educação em diversos países. Vale um pouco de precaução porém, pois nenhuma instituição conseguiu manter registro do nome, fazendo com que qualquer escola, qualificada ou não, o adote.

1 thoughts on “Montessori e as Crianças Livres – Fundamentos, parte 1

Comentários não permitidos.